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Após conflitos em anos anteriores, surfistas e pescadores de tainha colaboram entre si

Desde o início da safra da tainha, no dia 1º de maio, quem busca surfar nas praias de Florianópolis deve se ater a uma regra importante: o esporte é restrito a alguns trechos da orla, de modo a não prejudicar o período em que a pesca do peixe é mais propícia na região. Originalmente, a lei nº 4.613/1995 ditava que a prática do surfe nesta época era proibida em todos os balneários da Ilha, exceto nas praias da Joaquina e Mole. Com o passar do tempo, novos locais foram disponibilizados para a atividade e o assunto chegou a provocar tensão entre pescadores e surfistas. Na Joaquina, há uma relação colaborativa entre os esportistas e os pescadores. “Aqui é tudo tranquilo. Os surfistas avisam a gente quando tem peixe e às vezes até nos ajudam a cercar”, conta o pescador Silvano Altamiro Vidal, 49 anos. Dono de um rancho na praia há 14 anos, ele afirma que a relação com os “pinguins” – apelido dado atribuído aos surfistas, por causa da roupa preta de borracha que utilizam – se tornou uma parceria. “Eles hoje são amigos e conhecidos da gente, e de vez em quando vêm almoçar no rancho”, garante. A situação é bem diferente do que ocorreu em maio de 2016, quando surfistas e pescadores entraram em conflito na praia Brava, após um lanço de rede ser prejudicado, gerando agressões físicas e ameaças dos dois grupos. No mesmo ano, um projeto de lei aprovado definiu que a prática do esporte durante o período da tainha seria proibida no local. Há quase duas décadas em Florianópolis, o engenheiro Fernando Castro, 61 anos, já está familiarizado com as restrições. O paulista mora no Centro e tem a praia da Joaquina como uma de suas favoritas. “A constância da água aqui é boa e as ondas são demais”, conta. No entanto, com a incidência do vento sul, ele gostaria de poder pegar ondas na praia da Barra da Lagoa. “Embora essas regras possam atrapalhar a prática do surfe, a gente sabe respeitar. Nunca vi confusões por causa disso”, destaca. “Por causa disso, a concentração maior fica na [praia] Mole”, conta Fernando. “O cara tem que procurar picos alternativos”, afirma o surfista Leonardo Maciel, de 30 anos. Após desfrutar do vento favorável na praia da Joaquina na manhã desta sexta-feira (16), o surfista florianopolitano declara que a praia da Solidão é a sua favorita – ele tem um apartamento próximo ao local, no Balneário dos Açores. “Pelo menos hoje em dia há uma lei bem definida para delimitar em que áreas podemos surfar e há várias opções”, diz. Atualmente, a lei 4.601/1995 prevê que a prática da atividade em Florianópolis, entre 1º de maio e 10 de julho, é permitida apenas nas praias da Joaquina e Mole; em até 500 metros do canto esquerdo das praias da Lagoinha do Leste, do Matadeiro e da Armação; e até 500 metros para a direita da entrada da praia do Moçambique. A lei também define a instalação de placas indicativas referentes à proibição ou permissão, responsabilidade da secretaria de Pesca, Maricultura e Agricultura. Nas praias não mencionadas na lei, fica a cargo dos donos dos ranchos a instalação de bandeiras para orientar os surfistas. Habituado com as ondas da praia Mole, o empresário Diego Cavaler, 35 anos, mora no Santinho e acredita que poderia haver uma maneira mais prática de conciliar a pesca da tainha e o surfe. “No Santinho é proibido surfar, mas no canto esquerdo da praia tem boas ondas e dificilmente pescam lá”, garante. “Às vezes contamos com a boa vontade dos pescadores, que nos deixam surfar em alguns pontos, mas mesmo assim é uma regra péssima.” Na praia da Barra da Lagoa, onde Laurentino Benedito Neves possui o rancho Saragaço desde 2005, o esporte não é permitido nesta época do ano – há cerca de dez dias, de acordo com ele, foi colocada uma placa na entrada da praia com orientações. Para o pescador, a lei resolve um problema antigo. “Esse ano não teve nenhum atrito por aqui. O que ocorre, às vezes, é alguém desavisado entrar na água para surfar, mas geralmente são pessoas de outras cidades e que não conhecem a história da tainha”, afirma. Nestes casos, segundo ele, os pescadores explicam a situação para os surfistas. Quando o mar não está para peixe, no entanto, a relação de respeito entre pescadores e surfistas ainda gera bons frutos. “Tem dias em que a onda está grande e liberamos para o pessoal surfar aqui na frente do rancho”, conta Laurentino. “Quando eu vejo de manhã cedo que o mar está bom para eles eu até aviso em um grupo de surfistas do Whatsapp”, revela.

 

NDOLINE tv Jurerê. Após conflitos em anos anteriores, surfistas e pescadores de tainha colaboram entre si.

Disponível em: https://goo.gl/1yqNP3. Acesso  em: 23/06/2017

pescadores e surfistas colaboram entre si.

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